TRADUTOR

quarta-feira, 14 de março de 2012

FREE AS BIRD









          O PÁSSARO CATIVO
Armas, num galho de árvore, o alçapão.
 E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.

 Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada.
 Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.

 Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho
 mudo, arrepiado e triste, sem cantar?

 É que, criança, os pássaros não falam.
 Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender.
 Se os pássaros falassem,
 talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:

 "Não quero o teu alpiste!

 Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
 Tenho água fresca num recanto escuro.

 Da selva em que nasci; da mata entre os verdores,
 tenho frutos e flores, sem precisar de ti!

 Não quero a tua esplêndida gaiola!
 Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi...
 Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.

 Entre os galhos das árvores amigas...
 Solta-me ao vento e ao sol!
 Com que direito à escravidão me obrigas?

 Quero saudar as pompas do arrebol!
 Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!

 Por que me prendes? Solta-me, covarde!
 Deus me deu por gaiola a imensidade!
 Não me roubes a minha liberdade...

 QUERO VOAR! VOAR!..."

 Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar.
 E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição.
 E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão...
Olavo Bilac




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